Evento promovido pela ABIHPEC deu destaque às ciências ômicas e sua relevância para o futuro dos cuidados com a pele 

A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, promoveu a 6ª edição do Webinar de Pele, que explorou o tema "Mega Trends de Pele: Rumo ao Futuro com as Ciências Ômicas". As ciências ômicas, que se dedicam à identificação, composição e interação de conjuntos moleculares orgânicos, foram destacadas como fundamentais no avanço das ciências cosméticas, especialmente no contexto de cuidados com a pele.

O primeiro dia apresentou avanços e perspectivas nas ciências cosméticas

O primeiro dia de evento foi dedicado a introduzir as principais características das ciências ômicas, que  permitem analisar milhares de variações genéticas, genes e proteínas ao mesmo tempo, sendo ferramentas poderosas no entendimento do nosso organismo. Elas foram destacadas como tendências importantes para o avanço da indústria, especialmente nos cuidados com a pele.

A Dra. Flávia Addor, diretora técnica da Medcin, membro do Conselho Científico-Tecnológico da ABIHPEC e coordenadora técnica do encontro, que teve início nesta terça-feira (9), explicando sobre as ciências ômicas e seu papel na indústria cosmética. Ela ressaltou como o entendimento dessas disciplinas é essencial para acompanhar as principais tecnologias que vão moldar o futuro da área. 

Juliana Lago, gerente científica da Natura, explicou como a empresa utiliza as ciências ômicas em seus processos, como no estudo de influência da exposição à luz na pele humana, a partir de um modelo 3D reconstruído. Suas descobertas sobre as alterações moleculares e o perfil de expressão gênica proporcionaram uma compreensão mais profunda dos efeitos da luz azul, um tópico de grande relevância no mundo atual, onde a exposição digital é onipresente.

A doutoranda Amanda Caroline de Andrade, da Fiocruz Paraná, trouxe uma abordagem sobre a proteômica, que consiste em uma técnica que permite analisar o perfil das milhares de proteínas presentes na pele. Com a apresentação de metodologias avançadas na área, combinadas com inteligência artificial, a especialista revelou diferentes perspectivas sobre a saúde da pele em relação às influências do expossoma, que inclui fatores como exposições ao ambiente, dieta e estilo de vida,  .

Ana Carolina Migliorini Figueira, pesquisadora líder da Plataforma de Engenharia de Tecidos LNBio/CNPEM, compartilhou avanços na investigação da biologia da pele, incluindo a criação de modelos in vitro mais precisos e éticos. De acordo com ela, a tecnologia de bioimpressão 3D também está revolucionando a pesquisa cosmética, permitindo uma compreensão mais profunda e precisa da pele humana.

Michelle Sabrina da Silva, diretora executiva da MEDCINVITRO, levantou a discussão sobre a aplicação da metagenômica no desenvolvimento de formulações dermocosméticas, além de explicar como equilibrar o microbioma cutâneo para promover uma pele mais saudável. A metagenômica se refere a uma abordagem baseada na análise genômica de uma população de microrganismos que permite identificar e avaliar comunidades microbianas em diferentes ecossistemas.

Encerrando o primeiro dia de webinar, a cientista sênior Daniela Sales Valverde, do Grupo Boticário, explorou a aplicação da metabolômica no mundo cosmético. O método busca observar o funcionamento da pele e suas diferentes vias moleculares, definindo rotas biológicas de atuação de ativos e produtos, crucial para atender uma necessidade específica da pele.

O segundo dia destacou os riscos da exposição solar e o potencial dos exossomos nos cosméticos 

No segundo dia de webinar, realizado nesta quarta-feira (10), foram discutidos os avanços e tendências na compreensão e cuidado da pele humana. Marcelli Alves, clinical & physics science evaluation analyst na L’Oréal Brasil, destacou que a exposição crônica ou aguda da pele a diversos fatores externos e internos, pode influenciar a saúde, a aparência, assim como provocar o envelhecimento precoce, e impactar a longevidade.

O médico dermatologista na UNIFESP, Marco Rocha, abordou o papel dos cosméticos como aliados ao microbioma cutâneo (conjunto de microrganismos que habitam a superfície cutânea e desempenham funções importantes para a proteção e equilíbrio da pele). De acordo com o especialista, os produtos têm capacidade de alterar a diversidade da microbiota e a estrutura molecular, sendo fundamental para o cuidado e manutenção da saúde da pele.

Flávia Addor, diretora técnica da Medcin e membro do Conselho Científico-Tecnológico da ABIHPEC, presente nos dois dias de evento, discutiu as ciências ômicas e sua relevância na indústria cosmética, destacando o potencial dos exossomos na formulação de produtos devido às suas propriedades nutritivas e reparadoras. Os exossomos são vesículas extracelulares que transportam informações genéticas e proteínas para as células e são capazes de promover a cicatrização, reparação e regeneração da pele.

Já Maurício Baptista, professor de bioquímica da Universidade de São Paulo, falou sobre a interação dos fótons - partículas que compõem a luz - na pele. Ele explicou que a ação abrange diversos aspectos físicos, químicos e biológicos, determinando os impactos tanto positivos quanto negativos da exposição solar.

No encerramento da 6ª Edição do Webinar de Pele, Mika Yamaguchi, diretora científica e de Inovação na Be Science, abordou o secretoma senescente. Segundo a especialista, este fenômeno se destaca como um elemento crucial no processo de envelhecimento celular e quando as células senescentes não são eliminadas corretamente,  resulta em desequilíbrios que afetam tanto a saúde cutânea quanto a sistêmica.