Pele robótica é feita com células humanas vivas

A pele robótica viva precisa de alimento e de limpeza - senão ela morre.

[Imagem: Michio Kawai et al. - 10.1016/j.matt.2022.05.019]

Pele robótica viva

Ainda falta muito para que robôs parecidos com humanos andem entre nós, mas as pesquisas nessa área também podem ajudar a desenvolver próteses para os próprios seres humanos.

Michio Kawai e colegas da Universidade de Tóquio acabam de apresentar a pele artificial que mais aproxima de estar viva até agora.

A equipe criou um material que não apenas deu uma textura semelhante à pele ao dedo de um robô, mas também apresenta funções repelentes à água e de retenção de umidade e, mais importante, de autocura - sim, a pele robótica cicatriza-se se o robô se ferir.

Na verdade, o principal ingrediente da pele robótica são células humanas.

Para criar a pele, a equipe primeiro mergulhou o dedo robótico previamente construído dentro de um cilindro com uma solução de colágeno e fibroblastos dérmicos humanos, os dois principais componentes dos tecidos conjuntivos da nossa pele. Essa mistura apresenta uma tendência natural de encolhimento, o que fez com que o material sólido se ajustasse ao dedo.

Assim como se aplica um fundo antes de se aplicar uma tinta, essa camada inicial forneceu uma base uniforme para que a próxima camada de células pudesse aderir. Essa segunda camada é constituída por queratinócitos epidérmicos humanos. Essas células compõem 90% da camada mais externa da pele, dando ao robô uma textura semelhante à da pele e propriedades de retenção da umidade, essenciais para que o material se mantenha vivo.

Esquema dos testes da pele robótica viva.

[Imagem: Michio Kawai et al. - 10.1016/j.matt.2022.05.019]

Pele viva robótica também morre

A pele apresentou força e elasticidade suficientes para suportar os movimentos dinâmicos à medida que o dedo robótico se dobrava e desdobrava. A camada mais externa, embora não atingisse a resistência da pele humana, era grossa o suficiente para ser levantada com pinças e comportou-se adequadamente em relação à água.

Quando "ferida" - cortada com um estilete -, a pele artificial se autocurou com a ajuda de um curativo de colágeno, que gradualmente se transformou em pele, que voltou a ser capaz de resistir a movimentos articulares repetidos.

Mas, é claro, sem vascularização, a pele artificial tem outra característica bem típica dos tecidos vivos: Ela morre rapidamente se não for abastecida com nutrientes e se os resíduos do metabolismo não forem retirados.

A equipe afirma que ainda irá trabalhar nessa questão, mas apenas depois de incorporar estruturas funcionais mais sofisticadas na pele robótica, como neurônios sensoriais, folículos pilosos, unhas e glândulas sudoríparas.

"Acho que a pele viva é a solução definitiva para dar aos robôs a aparência e o toque de criaturas vivas, pois é exatamente o mesmo material que cobre os corpos dos animais," resumiu o professor Shoji Takeuchi.

Bibliografia:

Artigo: Living skin on a robot

Autores: Michio Kawai, Minghao Nie, Haruka Oda, Yuya Morimoto, Shoji Takeuchi

Revista: Matter

DOI: 10.1016/j.matt.2022.05.019

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